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A 5E e os dump stats

Olá Jogadores e DMs,

Algo que eu e o Davi estávamos conversando outro dia era o quanto a quinta edição vai trazer de volta algo que era um pouco chato nas edições anteriores: o dump stat, ou o atributo que ninguém põe ponto porque não serve pra nada (ou menos que os outros).

Rolling-Stats-BannerNo AD&D segunda edição, por exemplo, só valia a pena colocar destreza em um personagem se fosse um atributo 15 ou mais. Colocar de 9 a 14 era idêntico em termos de modificadores, e as “skills” do AD&D baseadas em destreza eram bem limitadas, já que futividade e abrir fechaduras eram habilidades específicas de ladrão e não perícias. Mas os atributos eram meio doidos mesmo, e não influenciavam muito as defesas e os saves, com algumas exceções pontuais (dex e AC, wis e saves que afetavam sua mente).

Na terceira edição, os atributos que modificavam saves (Con, Dex e Wis) foram bastante valorizados, tirando a importância dos demais atributos. Força era completamente inútil para quem não precisasse lutar no corpo-a-corpo (ranged e casters, por exemplo), e Carisma só tinha alguma relevância para classes que explicitamente as usavam como atributo primário (como feiticeiros/sorcerers).

Como o foco no balanceamento, a 4E fez com que todos os atributos fossem igualmente relevantes para a defesa, já que os saves seriam modificados pelo maior modificador de dois atributos. Dessa forma, dava um pouco mais de opções sem penalidade para um personagem que poderia escolher seus atributos menos importantes de acordo com seu conceito, sem ser penalizado por isso. Por exemplo, um guerreiro poderia escolher ter mais Dex ou Int, dois atributos pouco úteis para a classe, de acordo com o que ele achar ser mais bacana para o PC, sem penalizar sua defesa de Reflexos.

201651074_30058a36ac_nA 5E, na nossa opinião, trás esse problema de volta. Em teoria, cada atributo tem um saving throw associado, mas na prática, força, inteligência e carisma tem pouco uso, e claramente são os saves “fracos”. E como os saves são associados às classes, algumas classes são claramente beneficiadas (como o guerreiro) em saves. Quanto à isso, sem problemas, entendemos que o foco na 5E não é o balanceamento. O nosso medo é ver a volta dos atributos inúteis e os guerreiros com 7 de carisma não porque o jogador que jogar com um personagem sem carisma, mas porque é simplemente a opção que lhe dá menos penalidades.

Ah! E antes que venham os comentários que min-maxers vão fazer isso de qualquer forma, percebam que esse não é o ponto. O ponto é que um sistema que te permite optar, sem penalidades, é uma opção real. Um sistema que te dá “opções”, mas uma deixa um personagem claramente mais forte, tem uma pegada completamente diferente, e você tem que entender e aceitar isso. Eu não tenho problemas com o desbalanceamento, e por isso estou com as expectativas certas quanto à nova edição (ainda mais sendo um ex-jogador de AD&D!)

Até, e rolem 20!

Por Daniel Anand

Daniel Anand, engenheiro, pai de gêmeas e velho da Internet. Seu primeiro de RPG foi o GURPS Módulo Básico, 3a edição, 1994. De lá para cá, jogou e mestrou um pouco de tudo, incluindo AD&D, Star Wars d6, Call of Chuthulu, Vampire, GURPS, Werewolf, DC Comics (MEGS), D&D 3-4-5e, d20 Modern, Star Wars d20, Marvel Superheroes, Dragonlance SAGA, Startrek, Alternity, Dread, Ars Magica, 13th Age e atualmente mestro Pathfinder 2E. @dsaraujo no twitter

15 respostas em “A 5E e os dump stats”

Este problema não é difícil de contornar.

Nos jogos em que eu sou mestre costumo utilizar muitos testes com atributos com os quais os jogadores não são tão bons, isso faz com que todos tenham realmente um ponto fraco, que trazem consequências reais para o grupo como um todo e para aquele personagem individualmente.

Na verdade, esse problema e ridicularmente fácil de resolver, todos os atributos já começam em 6, você joga mais 3d6 é soma os dois melhores, assim seus atributos variam entre 8-18, sem chance de ter um atributos que que somente seria adequado para um animal ou outro bicho.

Assim como o Johny, minha mesa não ficou com essa impressão de Dumb Stats, sempre dei importância a todos os atributos. Claro que realmente acontece do guerreiro ter que colocar um 7 no Carisma, mas ele sabe que sofrerá as consequências de um atributo social baixo, passando dificuldades para negociar, enganar, entre outras ações referentes. Ainda tem aqueles que colocam número baixo em Sabedoria, achando que nunca vão usar (como guerreiros), até notarem que o atributo está totalmente vinculado com a percepção do personagem. Conclusão: dumb stats podem até ser na teoria, na prática, não acontece se o mestre ficar atento.

Não confunda testes de perícias com Saving Throw. A proficiencia numa perícia consegue compensar o modificador de atributo, mas o save é atrelado à classe e não é escolhido pelo jogador.

Na minha opinião, não muda muita coisa, o cara que ignora Car vai continuar ignorando. Só que na 4E a ideia era um jogo pegado, cheio de combates, que duram horas e com personagens super poderosos mesmo nos níveis baixos.
Não me leve a mal, acho bacana a 4E, mas o que não curtia era esse equilíbrio.

Na verdade meu ponto é exatamente esse. O cara que ignorava Cha porque era a opção "mais fraca", na 4E, podia pegar Cha, ter diplomacia e liderança, e ainda assim ter um Save de Willpower decente. Isso não tem absolutamente nada a ver com combate longos. 🙂

Pessoalmente eu acho que os atributos são muito relevantes nas skills do D&D, e aí que acaba misturando muito o que você faz no combate e o que faz fora. Não acho que o D&D deve mudar isso, D&D é assim mesmo, mas é algo que prefiro mais nos outros sistemas.

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eu costumo jogar rolando os dados dos atributos e algumas vezes na ordem exata sem permitir escolhas…. mas em jogos com pts pra gastar ou no caso do mestre deixar eu optar por cada numero rolado em atributos que quiser, eu sempre tenho uma diretriz:

RPG é um jogo de interpretação, entao se quero interpretar um personagem XYZ eu irei focar minhas opções nisso. Eu nunca quis jogar com um retardado de inteligencia 4, por isso, todo guerreiro meu tinha ao menos 10!

Acho que o problema nao esta nas regras, mas na forma como cada um enxerga as coisas. No final, tudo depende do mestre, pois se o mestre quiser inibir este tipo de construção de personagem ele tem meios para isso, IN GAME!

Eu mesmo fiz algumas coisas nesse sentido….

Carisma oferece desconto na compra de itens
Inteligencia é rolada para obter dicas do mestre algumas vezes

Eu acho que é para os jogadores depender um do outro, assim cria uma equipa mais unida. Jogo AD&D cada um contribui de acordo com suas habilidades. Em questão de perda de vida entre outras resistência sempre tinha sacerdote, paladino ou clérigo pra salvar o dia (fazem eles trabalharem e da mais importância a classe que poucos querem). Bom os riscos e um ajudando o outro que torna emocionante o jogo.

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