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A morte de seu personagem

Excelente artigo essa semana da Dragon, comentando sobre a mecânica de morte da 4ª edição. Resumindo, Rob Heinsoo e James Wyatt, dois desenvolvedores da última edição do D&D, comentam sobre como eles desenvolveram a mecânica de morte: os três saves contra death, os hit points negativos até o “menos bloodied”, o acesso a Raise Dead, etc.

É nesse último aspecto que quero focar esse post. Na nossa primeira experiência que tivemos com a quarta edição, o nosso guerreiro morreu (morrido) vítima de um crítico de um Human Berseker. Claro, nem foi tanto culpa do jogador, nós já aprendemos a tomar cuidado com esses Brute que podem causar trocentos de dano de uma vez, mas de qualquer maneira, teríamos que lidar com um morto no grupo.

Eu não gosto muito da situação onde um dos jogadores fica fora da mesa, e nisso me agradou a mecânica de scrolls de Raise Dead: bastou o grupo se reagrupar, achar um lugar seguro, e realizar o ritual: pronto, o guerreiro está de volta. Tentei passar essa cena rapidamente, para colocar o jogador de volta à ação logo.

Mas qual foi o problema? A sensação de que a morte do seu personagem não tem impacto nenhum, e você pode ser descuidado à vontade, desde que você ande com pergaminhos de Raise Dead. A gente até brincou que o pergaminho contém o desenho de um cogumelo verde, aquele que dá uma vida ao Super Mário.

Claro que na prática a situação não é tão simples assim: o pergaminho custa 650gp, e você precisa de ter quatro horas (ou seja, um extended rest) disponível. Então entra em cena um pouco do que os desenvolvedores comentaram no artigo da Dragon: muitas vezes, falhar nos encontros é mais penalizante que a morte de um dos personagens.

Se o grupo não consegue impedir aquele cultista maligno de conjurar Demogorgon, e foge com os corpos dos companheiros, a ressurreição deles é o menor dos problemas, pode ser que um Arch-Demônio esteja solto por aí. Ou uma das cidades que eles defendiam foi tomada, e por aí vai. Claro que para coisas maiores, com mais impacto no mundo, isso faz mais sentido em níveis Paragon, na minha opinião. Em níveis heróicos, as coisas tendem a ser mais locais.

Agora, se mesmo assim você acha que Raise Dead é de muito fácil acesso, e você gostaria de ver personagens novos aparecendo, ao invés do mesmo grupo com várias idas e vindas ao pós-vida, você tem várias opções:

  • Banir Raise Dead. É uma solução extrema, mas pode fazer sentido em alguns cenários, como a Terra-média.
  • Fazer com Raise Dead tenha algum componente específico, além dos 500gp, que seja de difícil acesso. De repente, algo controlado por uma das Igrejas, ou algo que deve ser fornecido diretamente das divindades através de seus Exarchs.
  • Só permitir que Raise Dead seja realizado em locais específicos, como catedrais, locais sagrados, ou algo parecido.
  • Só permitir que você seja ressuscitado uma única vez. Se você for fã de Dragonball Z, pode até deixar o PC com uma auréola enquanto ele não passa pelas três milestones para perder a penalidade de morte.

Lembro que isso deixa um pouco de fazer sentido nos níveis épicos. Primeiro, porque um semi-deus não liga muito para morrer. Segundo, como o pessoal do artigo mesmo comenta, começam a aparecer poderes que ressuscitam as pessoas, até no meio do combate, como o poder utility de paladino gift of life, no nível 22.

Como vocês lidam com Raise Dead nas campanhas de vocês?

Por Daniel Anand

Daniel Anand, engenheiro, pai de gêmeas e velho da Internet. Seu primeiro de RPG foi o GURPS Módulo Básico, 3a edição, 1994. De lá para cá, jogou e mestrou um pouco de tudo, incluindo AD&D, Star Wars d6, Call of Chuthulu, Vampire, GURPS, Werewolf, DC Comics (MEGS), D&D 3-4-5e, d20 Modern, Star Wars d20, Marvel Superheroes, Dragonlance SAGA, Startrek, Alternity, Dread, Ars Magica, 13th Age e atualmente mestro Pathfinder 2E. @dsaraujo no twitter

23 respostas em “A morte de seu personagem”

Acho o ponto perfeito: o problema é falhar no desafio, não morrer.

Com isso o grupo não leva o combate "na brincadeira" mas tambem o cara não passa duas sessões assistindo o jogo.

Se bem que dessas, eu adotaria a de só poder ressucitar em locais sagrados (hahaha, como se ja não chamassem a 4e de videogame o suficiente, Diablo rlz)

Um ponto que esqueci de escrever no post: O artigo também comenta sobre uma regra que estava sendo usada errada pelo meu grupo: os saves contra a morte que falham (o strike 1, strike 2, etc), duram até o final do encontro. Ou seja, se você caiu, falhou em dois saves, levantou e caiu de novo, falhar agora uma vez é morte. Só zera num short ou extended rest.

O pessoal do Core Mechanic comentou sobre isso.

E a regra de antigamente (acho que era AD&D), onde, se vc voltasse dos mortos, perdia 1 de Constituição pra sempre? Acho uma boa regra, pois mantém no jogador o medo da morte.

Perder constituição não adianta mais, tem que deixar claro que voltar da morte não é um ato mundano, mas um processo que depende da aprovação de Kelemvor (ou da divindade da morte do mundo), e das divindades que o mestre achar conveniente. Ligar a um culto ou uma divindade é muito mais fácil.

Opa,

antes de mais nada, parabens pelo blog, acho uma iniciativa fantastica.

Sempre passo por aqui para conferir as discussoes. Mas essa sobre morte dos personagens me interessou bastente.

Tambem nao gosto de matar personagens, msm pq muitas vezes nao eh nem culpa do jogador. Porem faz parte, como mestre temos que ser imparciais certo? morreu, fim. Nao acho legal, nem coerente ficar facilitando a volta de um personagem. Tanto eh que em minhas campanhas, nao existe ressurreicao, a nao ser que o personagem tenha um motivo mto especial para ter conseguido esse milagre.

E pra mim o legal do RPG eh o desenvolvimento da historia e como os personagens interagem com o resto do ambiente. Ficar 1 sessao montando a ficha nova e escutando a historia para poder se encaixar melhor nao mata ng.

Apenas a titulo de lore, em Grayhawk a deusa da morte é a Raven Queen e ela é bem restrita contra prolongar a vida do preiboi que perdeu

Bom em nossa aventura de Oriental Adventures (que um dia vamos adaptar para 4e…), a gente ja limitava a ressreição de personagem, apenas UM clerigo no munod tinha poder pra isso, e ainda exigia um pagamento (que varia de dinheiro ou uma aventura), algumas criaturas como os youkai não podem ser ressucitadas por meios tradicionais…

Saudações.

Bom, eu tenho a sorte de jogar com pessoas maduras que encaram a morte de forma heróica e dramática. Eles também sabem que D&D é um jogo e todo mundo está condicionado a isso.

E pelo mesmo motivo, acho que cada morte possui seu próprio teor de gravidade, meio que não dá pra generalizar. Se o jogo oferece recursos (facilmente acessíveis) para que os personagens retornem à vida, o segredo, creio, estaria em mostrar as consequências daquela morte, como sugerido no artigo.

Gosto dessa idéia de mundo vivo, com monstros que retornam, doenças que se propagam e relíquias que desaparecem.

Um grande abraço!

Eu usei a facilidade de se ressucitar contra os jogadores: o mentor de um deles, que havia morrido para salvar o vale, retorna dos mortos anos mais tarde como vilão, servindo Lolth. Eles chegaram a matá-lo em dado momento na aventura, mas o que aconteceu? O cara foi ressussitado «novamente» pelos clérigos de Lolth. No fim, tiveram que ir ao Inferno (literalmente) para acabar com a ameaça de uma vez por todas.

o que me levantou uma questão interessante: como, afinal de contas, se derrota um vilão nesse mundo onde voltar dos mortos é relativamente simples?

O prblema é que a faclidade de ressucitar está prevista no sistema! é quase como uma ficha de videogame, moreu, coloca outra e continue!
Eu gosto de penalizar o personagem com alguma coisa, missão, ganhar um poder estranho e perigoso, perder algum membro, sacrificar alguma coisa, e a velha perda de constituição!

Sinceramente? A mecanica do Raise Dead facilitado se faz necessária, Anand.

Acho que deu para perceber nas nossas mesas que a 4e está infinitamente mais perigosa que as outras, por uma série de razões.

A primeira é o fato de os monstros deixaram de ser tão previsíveis (afinal, todos eles tem alguma habilidadezinha que o diferencia do resto. Goblin e Kobold não são mais a mesma coisa com xp diferente…)

A segunda é o fator healing surges. Até a 3e, enquanto o clerigo tinha cura, o grupo ia feliz sem precisar parar. Agora, bastou alguém zerar as surges para o grupo pensar se precisa continuar andando. Nos níveis iniciais, isso confere ao grupo de 4e uma durabilidade maior, mas conforme os níveis passam, a coisa se inverte (eu precisaria de mais espaço para elaborar isso, mas acho que vc entende).

A terceira é o fato de o combate na 4e ser muito mais complexo, agregando fatores (como alocação de terreno, por exemplo) que nem sempre são contados como agravantes ou atenuantes do combate pelo mestre. É perfeitamente possível um encounter daqueles de Lvl + 4 num terreno bem prejudicial para os players (lembra dos Otyughs?). A chance de TPK é bem maior, mas nem sempre jogadores ou mestre percebem esse fato.

Apesar de mecanicas como o second wind e afins, eu tive a impressão pelas nossas mesas de que a morte na 4e é muito mais fácil, exatamente pq os combates exigem muito mais estratégia. E manha de tática se pega com o tempo, não tem jeito.

Vai me dizer que a gente não aprendeu a lição depois do TPK? (nem todos, mas fica pra outra hora)

E só pra não parecer que eu comentei algo útil, continuo a tradição:

“Etna não acredita em morte”.

Ótimo artigo da Wizards e ótimos comentários por aqui.

Ainda não tive problemas com morte de personagens no meu grupo da quarta edição, mas nas edições anteriores, o problema sempre foi resolvido com muita facilidade e naturalidade: “morreu, morreu e tchau”.

Apenas em uma situação, um dos personagens morreu, tinha a chance de ser ressucitado e não quis, pois disse que seu personagem já havia cumprido seu objetivo (campanha épica).

Aqui em Niterói nossas aventuras seguem a regra do morreu tá morto e pronto.
Acho que a possibilidade de ser trazido de volta do mundo dos mortos da ao personagem o sentimento de que ele pode enfrentar a tudo e a todos.
Muito bom esse artigo!!!

O pergaminho de ressurreição é barato? OK.
Mas ele não precisa estar disponível em qualquer "camelô" nas ruas da cidade…
Você pode deixá-lo extremamente raro de se encontrar ou limitar a sua venda. 😉

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