Gustavo Souza, também conhecido pelo apelido dos antigos fóruns como Sembiano. Administrador de formação, hoteleiro por paixão e fanboy assumido de D&D, o RPG já faz parte da sua vida desde 1992. Sobreviveu a famigerada geração Xerox e ao êxodo RPGístico no final dos anos 90, para se converter em um entusiasta do hobby com um carinho especial pelo jogo organizado, sendo um dos membros fundadores do RPGArautos.@sembiano
Fala galera, aqui é o Sembiano e hoje vou falar de uma experiência que estou tendo novamente, que é organizar uma nova campanha de RPG do zero. Sempre é complicado começar a mestrar e criar imersão, assim fiquei com a ideia de dividir com vocês em vários artigos dicas rápidas para tocar e incrementar uma campanha. Vou começar de maneira um pouco diferente que é pela trilha sonora, sim eu jogo com música e acho ela fundamental para dar o clima!
Sou super na pegada de criar ambiente, e fui um pouco além, a campanha que estou mestrando é em Forgotten Realms e estou usando a quinta edição de D&D. Tendo isto em mente, instalei o aplicativo Spotify e por lá estou fazendo várias playlists separadas por tema/ambiente.
A ideia é deixar tocando a música de acordo com a situação no jogo, assim, em cenas de mistério e tensão deixo tocando minha lista RPG Mistério, na hora da batalha rola a RPG Batalha, a galera andando na cidade ou na taverna toca RPG Cidade e Taverna, no templo solta a RPG Fé e por aí vai.
Eu controlo as músicas do aplicativo no meu celular que está conectado com uma pequena caixa de som Bluetooth e quando quero tocar alguma música em especifico posso escolher diretamente. Eu vi que tem algumas outras listas criadas com este intuito e agora tem as minhas também caso queiram utilizar.
E vocês tem listas de músicas para RPG? Dividam conosco!
Hoje escreverei sobre uma série que vi na Netflix e que me fez pensar o quanto o RPG, especificamente o D&D, estão inseridos intrinsicamente tanto na cultura POP, quanto no cidadão que me tornei. Vejo também isto vivo em parte da geração X, entre 30 e 50 anos, devidamente representados em todo seu esplendor na série Stranger Things. Já vou falando que alguns spoilers acabarei por soltar, mas evitarei ao máximo, assim, não leia o próximo paragrafo se não quiser saber nada desta obra prima.
https://www.youtube.com/watch?v=LgFOjRR9uac
Bom esta é uma série de suspense que literalmente mistura conceitos de outras séries e filmes como os de Além da Imaginação, E.T., Gonnies, Polterigeist, Garotos Perdidos, Arquivo X, Carrie a Estranha e principalmente uma robusta memória histórica de Dungeons & Dragons. Se até agora você não faz ideia do que são estas referências é porque não viveu ou estudou a dita “década perdida”, os anos 80, que para mim de perdida não tem nada!
A série é um verdadeiro memorial do estilo de vida dos anos 80, mas a parte impressionante é como o roteiro encaixa isso tudo em uma trama de ficção, nostalgia e suspense eletrizante sem forçar como uma série de época. Ela conta a história de uma cidade pequena e pacata dos Estados Unidos que de uma hora para outra começa a ter desparecimentos inexplicáveis, aos quais parecem ter ligação com experimentos de uma instalação do governo americano situada nas redondezas e forças aterrorizantes atuando em paralelo.
Fato é que o principal núcleo de protagonistas da série é formado por um grupo de amigos pré-adolescentes que passam suas horas de “folga” nesta cidade jogando Dungeons & Dragons, na melhor caracterização de nerds típico daqueles tempos. Acontece que um dos jogadores, após um destes jogos, no retorno para sua casa, se torna o primeiro dos desaparecidos sem deixar rastros e começa então uma busca por ele.
Por aí a trama se desenrola, envolvendo os familiares destes garotos, a polícia e os cidadãos desta então pacata cidade. Durante o desenvolvimento do enredo é possível observar várias referências ao jogo de D&D e os laços profundos de amizades personificados pelas partidas realizadas no porão da casa de um deles, outro clichê típico do jogador de RPG nos anos 80, pelo menos nos Estados Unidos.
Os roteiristas fazem uma ligação direta da personalidade de cada um dos personagens deste núcleo dos garotos com as atitudes deles no jogo, mostrando como aquelas crianças simulam situações nas partidas de RPG e que de uma hora para outra as mesmas se materializam na vida deles em um contexto diferente. Muito intrigante é ver como através desta experiência de simulação acumulada e da imersão na cultura Geek, os garotos resolvem problemas que os outros não conseguem nem sequer compreender.
Assistindo a série, esperem ótimas referencias e citações da cultura Geek como: “Nunca divida o grupo”, comparações de situações em paralelos com a mitologia de D&D e até mesmo citações as aventuras clássicas do jogo como a Bloodstone Pass. Um verdadeiro fan service entregue aos admiradores do melhor RPG do mundo, tanto quanto da cultura Geek e também uma deliciosa nostalgia para quem viveu nestes doces anos.
No fim dos oito episódios de 1 hora, ficou para mim claro o quanto eu sou como estes garotos e que em situações menos fantásticas eu também uso muito hoje no meu dia a dia o que naturalmente aprendi, digo, continuo aprendendo jogando D&D. As simulações que vivencio no jogo me fizeram melhor preparado para as interações com as situações que vivo e o peso que isso teve no meu desenvolvimento como profissional e ser humano são enormes.
Um viva ao D&D e a cultura Geek, que venha a segunda temporada que já está confirmada do Stranger Things!
A Magia Rúnica é algo inerente aos Gigantes na história de Abeir-Toril e que sempre esteve presente em todas as edições do cenário. Dizem alguns sábios que ela foi oferecida pelo deus Annam aos Gigantes e que ele procurava presentear sua criação com uma arma decisiva na guerra contra os Dragões no principio dos tempos.
O zelo de do Pai de Todos para com seus “filhos” era tão grande que ele mesmo empreendeu uma aventura épica através dos Planos de Existência em busca deste presente. Ao fim, encontrou a solução que procurava no estranho Plano de Mechanus, um local no multiverso de D&D onde a lei e a ordem são a essência de tudo. A lenda conta que ele conquistou o segredo da magia rúnica em um jogo de azar contra um Alto Modron, um tipo de criatura sinistra inerente deste plano, espécies de construtos geométricos vivos cheios de engrenagem e que são a representação da ordem por si só.
Annam, tendo a posse deste conhecimento passou então o poder da Magia Rúnica para dois de seus filhos, Nicias o Gigante das Nuvens e Vilmos o Gigante da Tempestade, não por acaso são as sub-raças de Gigantes com a maior afinidade mágica. Estes então passaram o que aprenderam para frente e por gerações este conhecimento prosperou, mas se findou junto com império gigante de Ostoria e hoje são raros seus usuários. Fato é que tal arte, mesmo rara, chegou ao conhecimento e poder de outras raças humanóides, assim os Runecasters, como eram conhecidos os que dominavam este poder, não mais eram encontrados somente entre os gigantes.
Para quem não conhece o poder das runas, pode pensar que ele advém da simples leitura dos símbolos que os representam, onde os incautos acreditam que a magia está contida. A realidade é que estas figuras não são simples letras ou símbolos, mas sim diagramas que levam a compreensão das verdades universais absolutas e das relações entre forças cósmicas eternas, deste entendimento o poder é acessado e serve a quem o compreende permitindo efeitos únicos.
Algumas dicas de como utilizar a Magia Rúnica:
A Magia Rúnica pode ser apresentada como um segredo ancestral e perdido, conhecida somente por anciões das raças milenares;
A descoberta ou pista dela pode ser uma aventura em si, envolvendo contato com os Gigantes da Tempestade e das Nuvens, ou de manuscritos oriundos do antigo Império de Ostoria e da Era da Aurora (Dawn Age);
Sempre é bom deixar na manga aquele Personagem Não Jogador (NPC) misterioso e que surpreende, no estilo mestre Yoda, que pode ser um tutor desta antiga forma de magia e que busca um discípulo para passar o conhecimento, mas este deve cumprir uma missão ou algo assim. Sugiro um anão bem velho ou um Gigante (da tempestade ou das nuvens) mago antigo preso em uma forma humanoide das raças menores para sempre como uma maldição. Talvez um goblin, por exemplo;
Pode ser fonte de uma aventura individual ou um objetivo que possa ser cumprido pelo personagem que deseja o conhecimento dentro da própria aventura do grupo. Criar novas Runas normalmente não é tão eficiente como achar as antigas e poderosas, e isto pode dar gás a história por muito tempo. Buscar runas antigas envolvem explorações em locais onde vivem ou viviam Dragões, Gigantes e impérios perdidos dos Anões.
Fala galera! Aqui é o Sembiano e quero “agigantar” nosso papo na minha estreia no Rolando 20. A ideia é dividir com vocês algumas histórias sobre estas curiosas criaturas que serão o ponto central do próximo enredo oficial da nova temporada que a Wizards está preparando para o D&D.
A aventura Storm King’s Thunder que será lançada em Agosto, tem como um dos pontos motivadores da história a insatisfação dos deuses dos Gigantes com seu povo e para manifestar este sentimento eles literalmente anulam a ordem social-racial conhecida como o Ordenamento (Ordening), que estabelecia até então a posição social de cada indivíduo Gigante em Forgotten Realms.
Pois bem, tudo muito legal, mas o que diabos é este tal de Ordenamento que somente pela sua ausência ou o reestabelecimento fazem os gigantes saírem barbarizando mundo afora? A resposta direta é que o Ordenamento é uma estrutura de castas baseada no indivíduo que estabelece a posição social de cada gigante dentro de sua tribo, família e até mesmo entre todos as outras raças dos grandões, sendo que um nunca é igual ao outro, ou é inferior, ou superior. Este ordenamento é estabelecido até o topo em direção a Annam, o Pai de Todos, a divindade extraplanar criadora da raça dos gigantes.
Como uma consciência coletiva ativa entre todos os gigantes, pelo Ordenamento, cada indivíduo sabe sua posição perante o outro da mesma raça quando o encontra. Somado a este conceito, importante comentar que mesmo sendo de naturezas distintas, todos os tipos de Gigantes se consideram parentes entre si mesmos, o que naturalmente gera uma diminuição da animosidade nas disputas.
O Ordenamento é o meio pelo qual eles vivem e o mesmo transforma o conceito do que é maldade e bondade para esta intrigante raça, fugindo do habitual de alinhamento de D&D quando se relacionam entre os de sua espécie. Violar este Ordenamento é considerado um ato maligno (maug) e digno de banimento, exemplos comuns são: desrespeitar um superior, trair sua tribo, não cultuar uma divindade Gigante e por aí vai. Isto permite conflitos culturais interessantes, pois mesmo quando um Gigante maligno arrependido vai avisar uma cidade humana que sua tribo irá atacar, ele estará traindo sua tribo e o Ordenamento, o que leva os Gigantes bons que o encontrarem posteriormente a considerá-lo mal por trair o ordenamento, mesmo cometendo um ato bom pelos padrões humanos.
Cada tipo de Gigante tem estabelecido culturalmente as medidas, habilidades ou valores que definem sua posição no Ordenamento, o que cria em cada sub-raça um sistema separado de posicionamento social. Porém, quando se trata das relações entre estas sub-raças, as mesmas possuem um ordenamento próprio onde os Gigantes da Tempestade são os mais altos no ordenamento, seguidos respectivamente pelos das Nuvens, do Fogo, do Gelo, de Pedra, da Colina e por aí vai. Assim, o mais alto chefe dos Gigantes da Colina sempre será inferior ao Gigante de Pedra pior posicionado no Ordenamento devido ao posicionamento entre as sub-raças.
Bom, imaginem agora quando este Ordenamento cai por terra em uma sociedade estruturada a milênios neste formato, é aí que começam a acontecer as confusões que levam a nova temporada de D&D… Aproveitem!