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Meu Modelo de Preparação de Sessão

Atualmente estou mestrando duas campanhas de Pathfinder 2nd Edition. Uma delas é a Adventure Path Age of Ashes, e para preparar a sessão eu só tenho que basicamente (re)ler a aventura para saber o que vai acontecer na sessão. A outra é a 21ª Expedição, uma aventura caseira que começou como West Marches, mas agora segue numa aventura tradicional, totalmente criada na mão por mim.

Para facilitar minha própria vida, criei um modelo (template) de preparação de sessão, que o Fantasy Grounds me permite criar com um clique uma nova entrada de estória no programa. Esse modelo pode funcionar muito bem para jogar offline, já que é mais um modelo mental que um formulário, e segue outros modelos muito explorado pelo Sly Flourish na sua série Lazy DM. Segue o modelo resumido, seguido do modelo detalhado, com comentários:

  • Data e Título
  • Personagens
  • Outline da Sessão
  • Início Forte
  • Tabelas aleatórias
  • Segredos e Pistas
  • Monstros
  • Tesouros
Mapa regional da última aventura

Data e Título (eu uso a data no formato YYYY-MM-DD para ganhar ordem cronológica de brinde)

Personagens

Revise os Personagens (eu tenho links para as fichas dos personagens aqui, e meu objetivo é sempre dar uma olhada na fichas dos PCs antes da sessão. Tem algum talento legal que eles pegaram? Vou tentar criar uma situação para ele. Tem algum item esquecido? A mesma coisa. Talvez evoluir um sub-plot pessoal?)

Outline da Sessão

Coloco três parágrafos com o resumo da sessão, de preferência com introdução, reviravolta e clímax.

Início Forte

Tento sempre pensar em como a sessão vai começar e tentar sempre começar com ação e animação (não necessariamente combate). Pode ser uma discussão, roleplay, uma perseguição, etc.

Um exemplo de Início Forte foi uma apresentação de dança do nosso Tengu espadachim Gazu. Esse foi o folheto que o grupo espalhou na cidade de Matheas antes da apresentação.

Cenas

Se precisar, aqui tem uma descrição mais detalhada de alguma cena, e seus sub-sistemas. Por exemplo, umas sessões atrás tivemos uma competição de dança, e esse bloco descrevia as regras, com pontos de vitórias, perícias utilizadas, etc. Se vai ter algum roleplay importante, aqui eu ligo as fichas dos NPCs, e adiciono estatísticas importantes (Will DC, Percepção, etc).

Tabelas aleatórias

O Fantasy Grounds me permite rolar tabelas aleatórias e guardar o resultado cada vez que eu gero uma nova entrada de história. Por isso, uso essa seção para rolar em algumas tabelas peremptoriamente: encontros aleatórios, condições dos encontros, clima, etc. Em geral eu apago a maioria dos resultados, mas as vezes aparecem umas combinações bem interessantes que se transformam em uma cena. Também coloco um link para uma das cartas do The Game Master Apprentice, que adicionei ao Fantasy Grounds, e sempre dá idéias interessantes também.

Segredos e Pistas

Tem algum segredo para revelar na sessão? Senão, adicione mais pistas para plots futuros, e faça foreshadowing!

Monstros

Deixo pre-feito alguns encontros balanceados para o nível do meu grupo, com um mapa tático, armadilhas, etc. Em geral tento ter sempre uns dois-três encontros desse tipo na manga, e é bem comum eles serem descartados (e reaproveitados mais tarde). Tenhos encontros de nível 1-2 que foram sendo atualizados até o nível 7!

Tesouros

Uma armadilha de jogos estilo D&D, especialmente Pathfinder, e deixar os personagens dos jogadores para trás em relação ao ouro e itens mágicos. Então tenho uma seção para me lembrar de colocar umas recompensas no caminho. Se elas envolverem uma cena rápida de roleplay, uma charada ou armadilha, ainda melhor!

É isso! Me avisem aí se acharem útil ou se quiserem que eu compartilhe mais da minha campanha. Um grande abraço, feliz ano novo e até a próxima! Rolem 20!

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A Charada das Flores

Uma das coisas que meus jogadores sempre pedem mais no meu formulário de feedback das minhas campanhas de RPG (Pathfinder 2a. edição, atualmente), é charadas e quebra-cabeças.

Esse foi um que eles encontraram na sessão de ontem.

Numa clareira na floresta, uma coruja proclama (não é uma coruja de verdade, mas uma ilusão), em língua druídica (pode ser Sylvan ou outra língua mais comum se não tiver nenhum duida no seu grupo):

Água e Luz. O calor é mais próximo, e o final é central. Mas a ordem não é natural.

Uma série de bulbos, que não se parecem totalmente naturais, formam uma espécie de triângulo, com um bulbo extra no meio. Um canteiro de flores tem várias flores de diversos tipos, claramente cultivadas.

Água e luz na charada quer dizer arco-íris, com o calor (vermelho) sendo colocado o mais próximo possível do canteiro (canto inferior esquerdo), seguindo em ordem anti-horária. Então, sendo o canto inferior esquerdo vermelho (rosa), do canto direito é amarelo (girassol), em cima o azul (lírio) e o central é violeta (violeta).

Caso alguma flor seja colocada no local errado, ela explode em um tipo de dano específico. Tem flores o suficiente para tentar três vezes cada flor (ou uma única vez, ou inúmeras, o que funcionar para seu grupo).

  • Rosa Vermelha, Vermelho, Dano de Fogo
  • Germânio, Laranja, Dano Sônico
  • Girassol, Amarelo, Dano de Eletricidade
  • Brócoli, Verde, Dano de Ácido
  • Lírio, Azul, Dano de Gelo
  • Lavanda, Anil, Dano de Veneno
  • Violeta, Violeta, Dano Mental

O quando de dano fica dependendo do seu sistema e dos níveis do seus personagens. No meu caso, com o grupo no nível 7, cada flor causa 2d10+6 de dano depois de uma jogada de proteção básica contra DC 27, com algum efeito duradouro (tipicamente uma fraqueza contra aquele elemento até descansar).

O meu grupo resolveu com facilidade o enigma e só erraram uma das flores, mas gastaram um tempo razoável pensando na solução, e foi divertido!

Se você usar na sua aventura, deixe um comentário contando como foi.

Até!

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A 21a. Expedição

Olá Jogadores e DMs,

Já fazem alguns meses desde o meu último post, e queria compartilhar as minhas novidades RPGísticas aqui.

À carater para minha aventura especial de Halloween (sim, foi temática de Caverna do Dragão!)

A minha campanha estilo West Marches acabou em Agosto, como comentei no último post, mas na verdade o que aconteceu foi que só mudamos o estilo: comecei uma campanha mais tradicional logo em seguida, continuando a história dos exploradores de Arcadia.

Estamos jogando utilizando Fantasy Grounds Unity, com as regras do Pathfinder 2ª Edição, com chamadas de videoconferência (experimentamos de tudo, por enquanto estamos usando Google Meet). Também uso o Syrinscape Online para efeitos sonoros e música de fundo. Atualmente o grupo está no nível 6 e é composto de:

  • Millie: Bárbara Anã aprendiz de druida;
  • Kirel: Druida Meio-orc;
  • Delgas: Alquimista Halfling;
  • Gazu: Swashbuckler Tengu;
  • Farrul: Ranger cat-folk;
  • Alina: Guerreira Elfa do deserto;

Eu mantenho um jornalzinho com as atualizações e prévias de cada sessão. Mas se quiserem ver um registro de sessões detalhadas (e muitas vezes bem engraçada), dêem uma olhada no Registro de Aventuras.

Estou adorando mestrar essa campanha. Primeiro, porque mestro em Português, depois de um longo ano mestrando só em Inglês (moro nos EUA). Segundo, porque todos os jogadores são meus amigos (uns mais novos, outros mais antigos). E por fim, porque usar vídeo chamadas faz a experiência ficar mais próxima da experiência da mesa. Ver as reações nas caras dos jogadores, rir junto e celebrar críticos como um grupo melhora muito a experiência.

Também comecei a jogar uma aventura de D&D 4ª edição do Davi nas quintas feiras, mas ainda estamos na terceira sessão. Depois falo mais dessa.

Confiram aí o material e me digam o que acharam nos comentários! E rolem 20, até!

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Aprendizados do West Marches

Meu post anterior foi contando como estava começando um jogo de Pathfinder 2a. edição, baseado em texto, via Discord, no estilo West Marches. Este é o Guia do Jogador que eu disponibilizei para os meus jogadores se estiverem curiosos.

Fizemos 20 sessões, a maioria de duas horas, e algumas de três, e a campanha chegou ao fim, próximo do nível 5, e decidimos encerrar. O principal motivo do encerramento foi o desengajamento dos jogadores (e meu também), mas o fato de eu estar na Califórnia, com cinco horas de diferenças com o Brasil, não ajudou. De qualquer forma, acho que aprendi algumas coisas com esse processo e queria dividir com os leitores.

Tenha uma Bíblia da Campanha

Além de criar o guia do jogador, que clarifica coisas como opções disponíveis para os jogadores, guias técnicos para usar as ferramentas, e um descritivo básico do cenário, eu criei também uma bíblia de campanha, ou meu Guia do Mestre (meus jogadores, mega spoilers, passem longe).

Usei esse documento para registrar os pontos de interesse iniciais da campanha, mas não fui prolixo: comecei com descrições simples, idéias de uma linha ou parágrafo, e fui complementando a medida que íamos progredindo. Como podem ver, tem várias seções ainda sem nenhum conteúdo.

Também aproveitei para adicionar regras e sistemas que só seriam úteis para mim, como encontros aleatórios ou atividades exploração. Também adicionei antagonistas, NPCs e, uma das minhas seções favoritas, uma coleção de idéias.

Como aprendi bem com o Lazy DM, nada como ter sementes de idéias à mão para improvisar sessões inteiras. Algumas das entradas, por exemplo:

  • Unicórnio morto
  • Bando de corvos
  • Um ogro dormindo em uma árvore
  • Comidas/Frutas raras

Como no meu jogo se passa numa região bem despovoada de pessoas, ter idéias à mão que não dependessem de estar relativamente próximos à civilização me ajudava, por que minha cabeça sempre voltava para os clássicos bandidos assaltantes ou pedágio na ponte.

Não tenha diferença de níveis

No início tentei um sistema onde cada personagem tinha sua contagem independente de XP, mesmo com o Pathfinder 2E recomendar fortemente você ter o grupo todo no mesmo nível. Para mitigar um pouco, usei o sistema dos jogos sancionados, que tenta balancear o jogo dentro de uma janela de níveis (ex: do nível 1 ao 4), mas no final isso só estava penalizando fortemente quem perdia algumas sessões, além de dificultar consideravelmente o meu planejamento das aventuras, especialmente porque preparar encontros com o orçamento de XP do PF2 é super fácil.

Exploração , Social/Combate, e Antecipação

Em todas as minhas sessões (chamadas de expedições), eu preparava um pequeno parágrafo com idéias do que poderia acontecer durante a exploração (idéias do que encontrar, testes de perícias, etc), um encontro que pode ser combativo ou social (ou os dois), e algum tipo de antecipação (foreshadowing) de próximas expedições, e esse modelo é fantástico. Isso garante um sentimento de continuidade das sessões, dá tempo de pensar na parte crítica do jogo (que na minha opinião é a exploração, conflitos é bem mais fácil de improvisar).

Consentimento, Limites, Colonialismo e Racismo

Também achei importante a campanha ter um aviso claro de como iríamos lidar com situações sensíveis, e qual minha posição em questões como racismo no jogo. Está lá na página 2 do Guia do Jogador para quem quiser conferir.

Devemos mudar o estilo da campanha para uma mais tradicional em breve, mas os aprendizados devem perdurar.

Até a próxima, e rolem 20!

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Fronteiras do Oeste

Depois de tentar começar um grupo novo de Pathfinder Segunda Edição em português (essa segunda parte é bem importante) e falhar, decidi tentar um jogo ao estilo West Marches, que está se tornando bem comum nesses tempos de pandemia.

Queria aqui dividir com vocês meus progressos. Eu preparei um Guia do Jogador para a campanha, e estou trabalhando num guia do mestre, descrevendo incialmente a pequena vila de Refúgio, ao sul de Arcádia, em Golarion:

Meu plano é ter até 10 jogadores, com partidas curtas de até 2h via Discord, em texto. Se tiver interesse, me mande um email no anand@rolando20.com.br ou siga as instruções do guia acima.

Até!

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Cartas de Monstros

A Paizo recentemente lançou as Pathfinder Bestiary Battle Cards, uma caixa com 450 cartões com a arte dos monstros de um lado, e com as estatísticas do outro. Os cartões tem 4×6 polegadas (aproximadamente 10×15 centímetros) de tamanho, e achei que esse é um tipo de acessório excelente para mesas presenciais. Adicionei outros items para a minha experiência, e queria dividir aqui com os leitores.

Eu decidi não comprar sleeves (plásticos para cartas) para todos os cartões, mas comprei esse kit de 25 sleeves mais grossos. Meu plano é selecionar os cartões que vou precisar para a sessão (e eventualmente até imprimindo um ou outro customizado), colocar eles nos sleeves, e prendê-los no escudo usando esses pregadores aqui:

A arte fica virado para os jogadores, e as estatísticas para mim. Vou experimentar na sessão de Março e atualizo esse post com os resultados.

Anteriormente, já tinha tentado usar o livro diretamente (dá dó do livro e ocupa muito espaço), usar um tablet com as estatísticas (é meio chato com multiplos monstros) e finalmente imprimi fichas em papel mesmo usando esse site: https://template.pf2.tools/

E vocês? Como fazem para ter as estatísticas dos monstros da maneira mais simples possível?

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Diário e Planejamento de Campanha com Bullet Journaling

Recentemente eu li o livro Bullet Journaling for Gamemasters, e achei uma excelente alternativa mesmo para mestres que gostam de criar suas próprias aventuras e campanhas, e achei que daria um bom post aqui no Rolando 20.

Pra começar, o que é Bullet Journal (BuJo)? É um método de planejamento e agenda criado por Ryder Caroll, que ganhou popularidade alguns anos atrás. Outros autores já falaram sobre o método, como o livro que listei acima, Shanna Germain da Monte Cook Games, e mestres e jogadores de RPG em geral (olha esse álbum!)

O princípio é usar um caderno em branco ao invés da agenda tradicional de uma folha por dia, com alguns sistemas para organizar as partes. Basicamente, o sistema funciona assim:

  1. Adicione um Índice nas primeiras páginas. Sempre que adicionar uma seção nova posteriormente, adicione ao índice.
  2. Registro futuro: próximas 2-4 páginas é o planejamento do ano.
  3. Registro mensal: Cada mês ganha uma página com o detalhamento do mês e objetivos próximos. Adicione só um por vez.
  4. Registro diário: Essa seção cresce só quando tem atividades. Um dia sem nada nem entra.
  5. Coleções: seções adicionadas quando grupos de anotações temáticas são adicionadas. Por exemplo: idéias, planos, músicas, podcasts para ouvir, qualquer coisa. Vai pro índice!

Enquanto eu lia o livro de Berin Kinsman (o BuJo para GMs), imediatamente lembrava do quanto se aproximava dos meus cadernos do mestre para Ars Magica. Não encontrei meus cadernos pra mostrar pra vocês, mas eles se pareciam com isso:

O método é perfeito para Ars Magica! O registro futuro pode ser pelas próximos 5-10 anos, e você provavelmente irá usar um registro por estações ao invés de mensal. O registro diário é o registro de sessões, claro, e coleções tem inúmeras: magias, laboratórios, Red Caps do tribunal, itens mágicos, NPCs, Parens, históricos dos enclaves, familiares, régios, etc.

Claro, funciona para qualquer mestre ou jogador, mas Ars Magica é um jogo que requer bastante planejamento de longo prazo, especialmente para o Story Guide.

Hoje em dia tem muitos mestres e jogadores que preferem tomar notas em seus computadores e tablets, sejam em Google Docs ou outras alternativas. Eu mesmo usei bastante Wikis para minhas campanhas de Ars Magica no passado, e uso GDocs na minha campanha atual, mas ainda adoro fazer anotações e escrever à mão, e usar fichas de papel. Tem gente que prefere soluções como Realm Works. E vocês? O que usam para guardar suas anotações?

Até!