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Entrando no personagem

Player CharacterTítulos com duplo sentido à parte, um dos aspectos importantes (e divertidos) do RPG é se imaginar nas cenas em que seu personagem se insere, e realmente tentar agir como se esse personagem estivendo tomando as decisões, e não você, o jogador.

Alguns sistemas de RPG te ajudam mais nesse aspecto. O GURPS, por exemplo, usa suas vantagens e desvantagens com mecânicas para a personalidade do personagem. Você acaba com um personagem avarento e com um senso de dever com o grupo, por exemplo. Você já tem um guia para interpretar seu PC, e tem uma mecânica associada se quiser fazer algo que não siga as características (geralmente um teste de Vontade).

Outros não envolvem mecânicas, mas disponibilizam características que devem ser interpretadas, como a Natureza e o Comportamento do Vampire: the Masquerade. Adjetivos simples, como Piedoso ou Solitário dizem muita coisa sobre como representar o seu PC.

O D&D não usa, em suas regras padrão, mecanismos claros para o detalhamento da personalidade do seu personagem. As edições anteriores usavam bastante o Alinhamento (Lawful Good, Chaotic Neutral, etc.), mas isso é assunto para outro post. A edição atual manteve apenas o aspecto Bom ou Mal, e a grande maioria dos personagem não terá alinhamento (unaligned). Isso dá um guia geral, mas está longe de descrever um PC único.

Eu costumo usar a seguinte técnica para visualizar e entrar no personagem:

  1. Imagine como o personagem é visualmente. O Character Visualizer vai ajudar nesse aspecto, mas nunca subestime sua imaginação. Lembre-se da raça do PC. Imagine essa figura caminhando, conversando com pessoas na rua. Como ela se parece?
  2. Agora tente entrar na cabeça dela: o que motiva o personagem? O que ela quer? Como ela vai fazer isso? Como você combina o visual do item anterior com essa motivação? Quais seriam as características de uma pessoa assim?
  3. Ok, de volta pra fora. Pense agora na personagem se aventurando, focando na sua classe. Como ela usa suas características de classe? Como ela interagiria com outras classes/raças/pessoas?
  4. Por fim, pense nos seguintes aspectos sugeridos pelo Player’s Handbook abaixo.

Personalidade

Qual é a personalidade do seu personagem? Pense em adjetivos. Não tenha vergonha de pegar outros livros de RPG se precisar de ajuda, mas a Internet é sua amiga, dê uma olhada nessa lista de adjetivos pessoais em Português e Inglês. Você pode tanto listar uns três ou quatro, mas um ou dois mais detalhados funcionam bem também.

Maneirismos e Aparência

Se você seguiu minha técnica, ganhou esse item de graça quando imaginou seu personagem visualmente. Cor do cabelo, tatuagens, cicatrizes, altura, peso, etc. E não se esqueça dos maneirismos, que em geral são mais importantes que a aparência: ninguém consegue ver seu PC (a menos que você tenha um desenho na seua frente), mas todos conseguer perceber os maneirismos que você adicionar ao roleplay. Uma frase de efeito, algo que o PC sempre faça em combate, ou de manhã. Cuidado para não exagerar.

Background

Eu tenho um jogador na minha mesa que não acredita em Background para personagens de D&D. Mas ele faz roleplay, e em três sessões o PC já começa a desenvolver as conexões com o cenário e a campanha. Eu também não acho que valha a pena fazer muito background antes do jogo começar. Expanda depois das primeiras sessões e vai ser muito mais fácil. Claro, isso depende muito do seu grupo e DM. Na dúvida, ou estando num dia sem muita imaginação, passe no NPC Background Generator, que funciona bem para PCs também.

E vocês? O que vocês fazem para entrar no personagem melhor?

Imagem por Fred Hooper

Por Daniel Anand

Daniel Anand, engenheiro, pai de gêmeas e velho da Internet. Seu primeiro de RPG foi o GURPS Módulo Básico, 3a edição, 1994. De lá para cá, jogou e mestrou um pouco de tudo, incluindo AD&D, Star Wars d6, Call of Chuthulu, Vampire, GURPS, Werewolf, DC Comics (MEGS), D&D 3-4-5e, d20 Modern, Star Wars d20, Marvel Superheroes, Dragonlance SAGA, Startrek, Alternity, Dread, Ars Magica, 13th Age e atualmente mestro Pathfinder 2E. @dsaraujo no twitter

9 respostas em “Entrando no personagem”

Normalmente eu começo a criar uma personagem pela personalidade e aparência, isso não só no D&D mas em qualquer sistema.

Depois que eu consigo ter uma imagem mental da personagem acaba sendo bastante natural escolher os outros elementos (normalmente até a escolha de classe, raça, etc fica para depois).

Nas vezes que eu fiz o processo inverso (escolher classe e raça antes) acabou sendo bem mais trabalhoso desenvolver a personalidade. Acho que isso é um curso natural: é bem mais facil pensar numa pessoa e depois imaginar que tipo de coisa essa pessoa faria do que o contrário, não que seja impossível.

Realmente acho dificil fazer histórico para personagens de D&D. Normalmente eles acabam sendo curtos, mais um resumo de quem é personagem e porque ela resolveu “se aventurar” em vez de viver uma vida feudal simples. Acho que só são um pouco mais interessantes os históricos quando eu escolho raças diferentes e dai há uma certa necessidade de determinar o que a levou a ser diferente dos demais. Ainda assim, acho que o máximo que escrevi de um histórico de D&D foram tres páginas.

Uma coisa que eu gosto, quando escrevo históricos de D&D é dividi-lo em pelo menos duas partes, uma narrada de uma perspectiva impessoal e uma narrada pela propria personagem. Acho que isso ajuda um pouco no desenvolvimento da personalidade da personagem e cria um parametro de “o que o personagem é” e “o que o personagem pensa de sí”.

Ah… outra coisa que eu gosto muito de fazer: escolher nomes. Depois que tudo está feito eu gosto de pensar com carinho no nome, acho que sonoridade, extensão e a idéia do nome podem ajudar a deixar o personagem um pouco mais marcante. Minha dica para quem tem problemas com isso é entrar em sites de nomes de bebes, os melhores sites dividem os nomes por origem e genero, então da para filtrar e encontrar umas coisas bem bacanas (um que eu uso é o babynamesworld.com). Acho que um nome tbm pode dizer muito sobre a personagem.

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Além de todas essas excelentes dicas, uma coisa que eu tenho feito, tanto na 4a edição como em Star Wars Saga, é estudar a escolha de skills. Por exemplo, meu Duros Scoundrel tem persuasion e deception como skills treinandas. Logo, inclusive pelo carisma 12, ele é um sujeito extrovertido, brincalhão, simpático, piadista.

Se, ao invés, eu treinasse intimidate num personagem de 4a Edição, o faria um pouco mais taciturno.

E de qualquer forma, como bem dito, criar background on the run é bem divertido. Isso aconteceu com meu primeiro personagem de 4a Edição, por provocação de outro jogador na mesa (Sembiano) e foi muito proveitoso.

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Faltou mencionar que no próprio livro do jogador tem uma série de perguntas do tipo “como o seu personagem reage nesse tipo de situação”.

Responder essas perguntas da uma boa base pra interpretação e entrar na cabeça do personagem

Eu primeiro visualizo, depois explico e por final eu dou os acabamentos.
Imagino um personagem dark, explico o porque ele ficou dark e depois faço os acabamentos no personagem.

O que eu gostei muito na aventura do meu irmão Daniel é que ele permitiu um interlúdio entre um capítulo e outro da aventura, isso é, entre um e outro cada personagem tinha alguns meses. Com isso é possível a todos se aprofundarem no seu background, ou iniciar uma nova fase na vida do personagem.

O meu personagem que durante todo o primeiro capítulo começava a melhorar de seu vício com a bebida no interlúdio volta para cutucar suas feridas, piorando em muito seu estado de bebum.

Bem, vocês podem ver a história dele.

Recentemente eu fiz esse processo, e obtibe um dos melhores personagens que eu poderia imaginar…

Kaja, um personagem muito interessante, inclusive foi o personagem que mais fiz (tentei fazer) ilustrações… mas meus “dons” artisticos não são dos melhores.

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Vou confessar que tenho problemas ao fazer backgrounds de personagem. É que eu costumo moldar a personalidade do meu PC no decorrer do jogo, nos primeiros níveis (no caso do D&D).

Geralmente quando tenho que fazer o background antes de começar a jogar, minha interpretação acaba sempre se distanciando daquilo que havia planejado e apresentado pro DM.

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Como jogador eu costumo primeiro pensar num conceito de personagem e em seguida montar a ficha. Depois eu desenho o personagem se possivel e daí penso ainda mais nos maneirismos e por último o BG (embora eu goste que ele tenha coerência e tudo mais). Geralmente nem crio muito BG porque dificilmente BGs são aproveitados pelos mestres…

Como mestre quando crio os NPcs penso primeiro em como eles agirão na história e a importância deles. Daí monto a ficha e se for algum NPC importante eu o desenho. Muitas vezes nem dá pra criar realmente o BG deles, pois o de alguns seria razoavelmente extenso.

Quando eu narro eu cobro dos jogadores o BG pra pelo menos eu saber mais sobre eles, mas é meio chato quando não fazem ou fazem um BG muito porco, ou então BGs muito épicos e poderosos e cheios de predestinação logo de cara.

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