Era difícil acompanhar os movimentos da figura sinistra que se aproximava de mim com movimentos sinuosos. A escuridão era quase total dentro do casco quebrado do nosso barco voador e eu tinha apenas vislumbres da pele lustrosa refletindo a luz das estrelas visíveis pelas grandes brechas nas paredes e teto. O rosto da criatura era uma massa líquida de tentáculos que se retorciam nervosamente. Ele passou praticamente do meu lado… eu poderia ter tocado no seu manto se estendesse a mão e a mera proximidade do Devorador de Mentes provocava estranhas visões de estrelas mortas e loucura. Retesei ainda mais o arco com duas flechas na corda e esperei o segundo monstro passar por mim. Os acordes distorcidos do alaúde da Barda estavam ficando cada vez mais estridentes enquanto ela usava a música pra manipular de alguma forma o poder do Elmo do nosso barco mágico para cegar os poderes mentais dos Illithids. Para eles era como se não estivéssemos ali…
Meus cabelos se eriçaram quando vi as criaturas que seguiam os Illithids, os grotescos animais que corriam pelo chão… cêrebros com patas que pareciam farejar nossos pensamentos….
A Barda fez um gesto com a cabeça pedindo para nos apressarmos, o esforço de manipular a poderosa magia do Elmo a estava esgotando rapidamente. Vi o Paladino se movendo ruidosamente e se posicionar para atacar os últimos dois Devoradores que subiam no convés enquanto o Mago gesticulava convocando um feitiço. A música falhou por um momento. Os quatro monstros se agitaram percebendo nossa presença em meio às ondas mágicas emanadas pelo motor do barco voador.
-Agora! – soltei as duas flechas que acabaram em um instante com os inimigos mais próximos. O Mago liberou uma corrente de relâmpagos que varreu os farejadores que vagavam pela sala e o Paladino despachou outro Illithid com um movimento da Vingadora Sagrada. Mas o último deles fixou os olhos negros em mim e se moveu com uma velocidade apavorante na minha direção estendendo os tentáculos faciais para meu rosto.
Tentei puxar as espadas mas já era tarde…KABONG!!!!
O alaúde se espatifou no rosto do Illithid jogando-o para trás e o Paladino acabou com ele em um instante.
– O-Obrigado…
A Barda olhou o instrumento destroçado pendendo pelas cordas e soltou um suspiro.
-Como você conseguiu nos ocultar deles? Manipulou as armônicas do Elmo ou algo assim?
-Ah… Você não ia entender.
-Porque não sou bardo?
-Porque é burro.
Por isso eu prefiro a companhia de bichos.
-Acho que não há mais nenhum deles por perto, Ranger – o Paladino olhou para o terreno rochoso ao redor. À distância era possível ver as torres da fortaleza que encimava o lendário SpellJammer, e os movimentos de barcos voadores Illithid e dos escravagistas neogi. A paisagem era iluminada pelas estrelas distantes e pela luminosidade fantasmagórica da densa nebulosa de phlogiston que atravessávamos. – Mas estamos presos aqui sem o barco voador.
-Oras, estamos sentados no maior barco mágico de todos os tempos. Porque não ficamos com ele?
O Mago, o Paladino e a Barda me olharam com curiosidade esperando para ouvir meu grande plano pra sequestrar o SpellJammer e voltar para casa com os tesouros inimagináveis que ele guardava.
Eu não tinha nenhum, óbvio, mas detesto decepcionar as pessoas, então comecei a falar exibindo meu melhor sorriso de negócios…
O cenário
Pequeno vídeo para mostrar a caixa básica do cenário. Comprei pelo preço absurdo de R$12…
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Os mundos
O universo de SpellJammer está pontilhado de esferas de cristal chamadas de… Esferas de Cristal… Cada uma delas encerra planetas ou sistemas solares inteiros e foram construidas por poderes desconhecidos. Alguns sábios especulam que os deuses as criaram para proteger seus mundos das tempestades de pholigston que arrasam tudo em seu caminho e outros acreditam que foram feitas por um poder além dos deuses para mantê-los confinados por alguma razão. Poderes e magias relacionados com divindades podem enfraquecer ou ser alterados enquanto se navega pelo phlogiston.
As esferas de cristal são gigantescas e indestrutíveis (até onde se sabe… hehehe) mas possuem aberturas naturais ou magicamente criadas que permitem a passagem de veículos e criaturas. Algumas esferas tem portais ativos, outras reagem aos barcos mágicos que percorrem o universo e se abrem naturalmente outras ainda exigem magias, comandos ou só abrem em circunstâncias especiais. Criaturas como dragões e o lendário SpellJammer possuem o poder de criar passagens nas esferas à vontade.
Os Elmos
Os barcos mágicos que percorrem o espaço são basicamente veículos comuns equipados por um dispositivo chamado de O Elmo. Ele permite transformar magias em força motriz. Quanto maior o nível da magia, mais veloz a viagem ou mais longo o alcance. Durante a navegação o operador fica impossibilitado de lutar, tendo que se concentrar na navegação e as magias consumidas se recuperam no ritmo e pelos meios usais (clérigos rezando, magos estudando). Espécies que não usam magia tem as suas próprias tecnologias: Os anões propelem as suas fortalezas construidas em asteroides com Forjas que convertem a energia usada na criação de itens em movimento. Os Devoradores de Mentes, usam energia psiônica com dispositivos parecidos aos Elmos mas conectados em série para permitir que vários operadores reúnam seu poder. Por outro lado, os perigosos beholder criaram sua própria versão de Elmo para impulsionar uma colônia pelos abismos do espaço: o Orbus, um beholder modificado para servir apenas a esse propósito. O interessante com eles é que não tem vontade própria, então podem ser capturados e usados por outras espécies, coisa que os beholder tentam evitar a qualquer custo evidentemente.
A Rocha de Bral
Na caixa básica de SpellJammer é oferecida uma localidade onde situar as campanhas: um asteroide que até poucas décadas atrás era um covil de piratas e agora se tornou uma florescente cidade comercial chamado de A Rocha de Bral, onde se encontram todas as espécies e se preparam aventuras ou se tramam conspirações que vão afetar muitos mundos. Sua superfície e subterrâneo ainda permite ver as marcas de sucessivas ocupações por diversas espécies e esconde muitos segredos que podem desencadear eventos cataclísmicos
Um grupo de fãs malucos de SpellJammer fizeram um mapa insano do universo que permite observar as esferas de influência de cada espêcie e as correntes de pholgiston usadas como rotas comerciais (sério… que incrível). Confira!
Uma resposta em “Grand Theft SpellJammer! – segunda parte”
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