Nesse post inauguro minha guerra de posts com o Davi: cada vez que ele postar, eu posto também. Começo contando como foi minha experiência planejando o final da minha campanha Escamas Púrpuras/Negras, onde meu grupo vai passar os níveis 21-23.
Eu usei, de maneira bastante improvisada e leve, o sistema 5×5 do Dave do Critical Hits. Recomendo conferirem o link, mas segue um resumo. A idéia é pensar em cinco quests, e cada uma dessas quests você separar em cinco eventos que compõem a quest. Para o meu caso, cada um dos personagens foi uma das minhas quests.
Pensei então em cinco objetivos finais de cada personagem. Cada um desses objetivos finais veio diretamente do destino épico que cada um deles escolheu. Todos os destinos épicos tem um texto explicando o que acontece com o personagem pós-nivel 30, e que dá excelente idéias de aventura. No caso do meu grupo, ninguém escolheu o mesmo destino, então funcionou bem. Posso imaginar que outros grupos tenham vários Semi-Deuses, mas isso é assunto para outro post.
Uma vez definido os objetivos, quebrei cada uma das cinco quests em cinco ações, eventos ou decisões que os personagens precisaram executar ou participar. Por exemplo, um personagem escolhido de Mystra precisaria escolher um aprendiz, vencer o líder da Ordem do Fogo Azul, coletar as três partes do artefato mágico que o levará a ser o próximo Magister de Fae-Rûn. Outro personagem Campeão da Profecia (de Eberron) teria que tomar decisões, vencer oponentes e descobrir informações que o levasse à compreensão da Profecia, e por aí vai.
Quando você ter planejado os cinco itens das cinco quests, você terá 25 sementes de encontros. No meu caso, eu queria ter material para 5 sessões de 3 encontros cada, então resolvi combinar algumas das sementes mais similares até ter 15 sementes de encontro. Eu poderia parar por aqui e bolar esses 15 (ou 25) encontros, mas eu sou um DM preguiçoso. Na verdade, um DM sem tempo sobrando pra preparar os encontros, que seria muito mais bacana, mas ainda assim, não poderia preparar todos os encontros.
O que fiz então foi folhear o Dungeon Delve (meu suplemento favorito) para encontros de nível 20-25, procurar aventuras da Dungeon e trechos de aventuras/encontros de suplementos como o Open Grave e Draconomicon, e mesmo a Tumba dos Horrores. Sempre que achava algum encontro que tinha a ver com as 15 sementes que eu precisava, já tinha estatísticas de combate pronto para jogar! No máximo teria que fazer algumas correções menores. Dos 15, roubei uns 10 encontros prontos de fontes externas.
Dos cinco que sobraram, seriam todos não-combativos ou pouco combativos, então eu pude facilmente usar os Manuais dos Monstros junto com o D&D Compendium para preparar os encontros restantes, e escrever os encontros não-combativos. Esses geralmente envolviam escolhas importantes para os personagens, como decidir o destino de um reino, ou quem vive e quem morre. Por fim, preparei o encontro final, que encerra a campanha e tem que ter um gostinho de final de filme: tudo resolvido e sentimento de superação, com epílogos bacanas para os personagens que estão conosco desde o primeiro (ou, no nosso caso, segundo) nível.
Já jogamos os dois primeiros encontros. Em breve eu irei postar o diário de campanha dos Escamas Épicas, e aí vocês avaliam o resultado junto comigo.
E vocês? Já jogaram ou mestraram nos níveis épicos? Como foi?
E rolem 20!
18 respostas em “Planejando o Estágio Épico no 5×5”
Ah, tinha lido o artigo do Dave do 5×5, mas ficou em algum lugar no limbo mental. Ajuda mesmo esse tipo de estrutura, né?
E separar cada bloco de aventuras por jogadores parece ser bem legal…
Mas diz aí, o objetivo individual empolga o coletivo na sua campanha? Em algum momento desses 20 níveis juntos eles desenvolveram empatia pelo quest pessoal do aliado a ponto de achar empolgante 5 quests seguidos não relacionados a eles?
Por isso é importante conectar os diversos encontros. No artigo do Dave, ele sugere fazer isso por localidade. Eu fiz a mesma coisa, mas por encontro. Então no encontro 3, por exemplo, teremos algo que desenvolve o plot de jogador A e B. No próximo, de A e C ou D e E. E por aí vai.
Além disso, as quests dos personagens são mais sub-plots dentro de um plot principal típico de D&D: salvar o multiverso e tals. 😀
[…] This post was mentioned on Twitter by rolando20, kelvy fellipe. kelvy fellipe said: RT @rolando20: Novo post: Planejando o Estágio Épico no 5×5 http://goo.gl/fb/7PIAo […]
Que bom que voltaram a ativa!
FIGHT! 😀
Nóoo Davi! Toma aee esse artigo agora. Bem maior que o seu anterior. Vai deixar quieto?
Nuóóóó!
AHAHAHAHAHAHHH!
Ótimo artigo, embora os personagens da minha campanha de D&D Quarta Ediçãoem Forgotten Realms (antes da morte de Mystra) ainda estejam no nível 8. Mas com certeza vou levar esse artigo em consideração quando os níveis épicos chegarem. Parabéns.
Perceba que a mesma técnica funciona para qualquer nível. Falei de usar no épico porque é onde minha mesa está! 🙂
A idéia é muito interessante mesmo. e creio que deva funcionar bem mesmo para uma campanha de 1º nível, que é o que pretendo iniciar. E por favor, voltem logo com o podcast. Abraço.
Mestrar em níveis épicos não parece ser tarefa fácil mesmo. Apesar que o sistema 5×5 realmente dá pra colocar em qualquer tipo de campanha, obrigado por ter postado aqui!
A propósito, ainda bem que o rolando20 voltou á ativa. Fez falta…
Agora falta voltar com o podcast 😀
Fala Daniel, gostei muito do blog de vocês. Parabéns! Estou jogando 4E a um tempinho, e como você está em níveis épicos queria te perguntar uma coisa. Na minha campanha eu tento dar bastante espaço pra diálogo, e roleplay em geral, mas pelas aventuras publicadas que comprei, e pelo que leio nos forums americanos, parece que as aventuras são embasadas em encontro após encontro…
As aventuras publicadas da WotC em geral tem muito pouco de tramas, política, intriga e investigação, focando-se quase só em combate, como, aliás, sempre foi salvo poucas exceções. Por isso recomendo usar aventuras prontas como um depósito de encontros combativos e estatísticas, e bolar você mesmo o histórico, NPCs e tramas da sua aventura.
Pelo que vejo muita gente trabalha com 3, 4 encontros por seção de jogo. Eu acho os encontros um pouco lentos, e estou costumando fazer 1 ou 2 encontros. Teve algumas seções sem encontro nenhum. Eu sou da época do AD&Dzão, e costumávamos ter muitas seções assim, só com diálogos, e interações com NPCs e tal, principalmente quando a Party atingia níveis mais e mais altos. Mas pelo que estava escrito no DMG (2 ed) e tal, era pra ser isso mesmo. Pelo que vejo por aí, hoje em dia parece o jogo "estimula" mais a coisa de vários encontros um atrás do outro mesmo, comprei aventuras publicadas desde level 1 até mid paragon, e em geral elas são "uma grande seqüência de encontros, amarrados por um fio condutor que podemos chamar de história", e não "uma história recheada de encontros". Pelo menos essa foi minha impressão
Perceba que quando falo de encontros, não estou falando de encontros combativos. Em relação à balança combate vs. não combate, isso depende muito do grupo mesmo. Eu adoro uma boa história, mas se eu fosse jogar D&D e não tivesse pelo menos um combate eu ficaria bastante frustrado: quase tudo numa ficha de D&D (seja lá de qual edição for) está relacionado à combate por uma razão.
A minha proporção ideal de combate vs. não combate numa sessão de D&D (de novo, independente de edição) é 50-50. Ou seja, numa sessão de 5 horas, espero que 2,5h sejam de combate, e 2,5 de diálogo, descrições, desafios de perícias e investigação. Mas, como disse, isso depende muito do mestre, dos jogadores, do grupo como um todo. Se sua proporção é 10-90, e tudo mundo curte, ótimo! No entanto, não espere que as aventuras publicadas da WotC te ajudem muito… 🙂
Beleza Daniel, Obrigado pela resposta. Acho que é por aí mesmo. Concordo plenamente com você. Usar as aventuras 4e mais como um depósito de encontros e stats pra você trabalhar em cima e adaptar aos backgorunds dos personagens, com certeza. Abs, dê uma olhada no blog do meu grupo se quiser http://gargantadodragao.blogspot.com. Tem um relato da aventura "Ettin Riddle", da 3a edição, que joguei com regras de AD&D, mas não fez nenhuma diferença. A aventura publicada era mais embasada na história mesmo. É uma aventura curtinha, mas achei a história muito legal, modifiquei um monte de coisas, mas o background da história foi muito útil como base. Eu estou mestrando a "Thunderspire Labirith", com D&D4e, mas achei que o material da "Ettin Ridle" mesmo vindo de uma aventura curtinha, mais interessante que o da Thunderspire, onde eu estou tendo muito trabalho de recosturar tudo pra dar certo. Enfim, abraço aí e até mais!
Olha, estou jogando a campanha publicada da Wizz desde o level 1 e o grupo está chegando agora ao level 28, já na E3 (Prince of Undeath) e posso dizer que o jogo muda muito na transição para cada um dos tiers. No começo do épico, tudo parecia um pouco como o Paragon, mas a partir dos níveis 22, 23, a sensação que ficou é que não existiam mais desafios reais. Os personagens tem muito poder e muitas opções. Nenhuma solução era desafiadora: ou era totalmente insolúvel e mortal, ou era fácil de resolver. Perdeu-se o equilíbrio. Entrando para o final do épico isso mudou muito para positivo. Todos os encontros e situações parecem totalmente mortais, mas o poder dos personagens é tamanho, que é possível vencer todas com um pouco de raciocínio. Isso deu um ar muito legal para a campanha, pois é como ter uma luta mortal a cada encontro, o que é exatamente o que a palavra ÉPICO signifiica: Vencer Órcus não está sendo nem um pouco fácil, é como lutar contra diversos chefes fianais, traçando um caminho que poucos conseguiriam. Devido a esta tragetória confesso que no começo do épico passei a pensar que seria um tier de jogo bastante sem graça e fora das regras, mas agora tenho tido a impressão de que é o que mais me diverti jogando até agora. Resta somente mais algumas sessões para a conclusão final!