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Reporte de sessão: Warhammer

E no dia 26, a ressaca de Natal levou a gente para o universo do Warhammer Fantasy Roleplay, onde nosso grupo enfrentou criaturas do caos num vilarejo pra lá de sinistro. Não vai ser uma campanha regular aqui no Rolando 20 (já que não é D&D 4E), mas merece o reporte de sessão, no mínimo pelas idéias da aventura, que foi 100% improvisada!

O que é um reporte de campanha? É uma postagem onde descrevo sucintamente os acontecimentos da última sessão, comentando os encontros e desencontros do grupo. Essa aventura é em Reikland, usando o sistema do Warhammer Fantasy Roleplay 3ª edição. O nosso grupo foi de rank 1, criamos os personagens para a aventura, que foi mais um playtest mesmo.

A missão

Nosso grupo é está numa missão de escolta de uma sacerdotisa de Shallya, a deusa da paz. Saindo da cidade de Ishtar, o grupo está quase chegando no vilarejo de Hillsburg, onde irão finalmente poder descansar. Mas, antes, nuvens espessas e negras são o prelúdio para eventos muito sinistros no caminho dos heróis.

O grupo

Fizemos personagem em conjunto pela primeira vez no sistema, e demoramos um bocado por conta disso. No final, tivemos o grupo Diplomatic Entourage, com os membros:

  • Gabriele Devereaux, Initiate of Shallya Human;
  • Jean-Paul Devereaux, Gambler Human, irmão de Gabriele;
  • Imhotep, Scribe High Elf, ex-escriba do templo de Shallya;

A história

  1. Imagem159O grupo viaja rumo a Ishtar, escortando Gabriele, a acólita de Shallya, com uma carroça e um burrico. Nuvens negras vão se formando no horizonte, quando falta pouco para chegarem no vilarejo de Hillsburg. O grupo acaba sendo alcançados pela tempestade, que castiga os viajantes com água, frio e vento. No cair de um relâmpago, avistam um bando de greenskins na trilha. Debaixo da chuva torrencial, se defendem como podem, e seguem rumo a vila, deixando corpos de goblins na estrada.
  2. Chegando em Hillsburg, ensopados, são recebidos com desconfiança, com todas janelas fechadas. Demoram para achar uma estalagem, mas encontram. A gorda taverneira deixa claro que eles são estranhos ali, mas o bate papo do grupo a deixa mais amistosa (assim como peças de prata adiantadas). A guarda da cidade duvida dos ataques goblins, e o grupo vai descansar. No dia seguinte, descobrem que a vila está assim por conta de um estranho acidente na floresta que aconteceu com o burgomestre. Irmã Laidra, a curandeira local, está cuidando do acidentado, que está numa espécie de coma. A carroça do grupo foi apreendida, e mais uma vez a lábia é necessária para recuperar o burrico.
  3. O grupo até tenta ajudar o burgomestre, mas são rejeitados por Laidra. Seguem caminho pela floresta, onde encontram o mateiro John. Ele explica que a floresta é muito perigosa, e seja lá o que atacou o burgomestre, ainda está por lá, e é melhor dar a volta pelas montanhas. O grupo o convence a levá-los até o meio da floresta, para investigar.
  4. No caminho, John encontra rastros de Javali, e vai atrás dele para conseguir o jantar. Mas o bicho, sorrateiro, acaba atacando o resto do grupo, que apanham um pouco, mas conseguem se livrar da besta.
  5. John retorna da mata desesperado. Encontrou uma criatura medonha no meio da floresta. Um urso, plantado no meio de uma clareira pantanosa como uma árvore, todo deformado. O grupo corre até lá (apesar dos avisos do mateiro) e vêem o urso-árvore do Caos. Tentáculos e cicatrizes em espiral, somados às pinças de caranguejo criam uma visão horrenda. Do chão pantanoso se erguem Marauders, lacaios malignos do caos. Enquanto Gabriele pede a Shallya que abençoe e livre o local do mal, Jean-Paul e Imnotep lutam desesperados contra as criaturas, que a muito custo vão caindo.
  6. Gabriele termina seu ritual, e limpa o chão do pântano maligno, e os Marauders param de surgir. Nesse momento a criatura se solta, e mesmo parecendo em conflito, parte para cima do grupo. Num só golpe, derruba o Scriba, mortalmente ferido, mas num ataque preciso Jean-Paul consegue mandar o monstro de volta ao inferno.
  7. Voltando a Hillsburg para se recuperar dos ferimentos, descobrem que o burgomestre acordou simultaneamente com a morte do monstro. Ele teve sonhos caóticos, e está muito perturbado. Irmã Laidra acredita que cultistas do caos estão infiltrados na cidade. O que acontecerá com a pacata vila de Hillsburg agora?

Avaliação

Eu ia escrever as minhas impressões aqui, mas o Pedro, que jogou com a gente com o Jean-Paul e participou no podcast do Warlord, escreveu suas impressões para mim por e-mail, e concordo bastante com eleas, então eu posto aqui. Ficou meio grande, mas detalhado. Vocês podem ver fotos da sessão aqui.

Prós

O jogo tem uma das melhores misturas que vi até agora entre a liberdade dos RPGs e a comodidade dos jogos de tática/miniaturas. O jogo requer tanta imaginação quanto um jogo de RPG qualquer, com a diferença que utiliza cartas, contadores, dados de diversos tipos e tal para facilitar a resolução de disputas de diversos tipos e combates. Aqui vai o detalhamento da coisa:
  • Imagem154Pouca matemática: a gente apanhou um pouco para pegar o jeito das coisas, mas tenho a impressão que com algumas sessões de jogo todo mundo entra no esquema. E, uma vez que se entenda tudo direito, acho que tem muito menos matemática que os RPGs de fantasia medieval em geral, o que acelera bem as resoluções de ações em geral.
  • Maior amplitude: o sistema do jogo não se resume a combate. Todo o apoio de cards, dados e counters serve para qualquer tipo de ação. Ou seja, vc vai usar cartinha para falar com o taverneiro, para abrir uma fechadura, para influenciar o rei e também para o combate.
  • Começo fácil: nós, que somos players munchkins, não optamos pela aleatoriedade da criação de personagem. Mas caso se utilize este caminho, a criação de personagem gasta menos de 10 minutos (mesmo para quem nunca jogou o sistema). E mesmo que não se utilize, vc faz tudo até que rápido.
  • Sinergia: o próprio grupo tem uma ficha (semelhante a ficha do Covenant em Ars Magica). Ou seja, o porquê da união daquele grupo específico traz um papel importante, e a tensão entre os players/sinergia geral é um fator MUITO relevante. Achei bem bacana esse lado do jogo.
  • Magias: eu gostei pacas do sistema de magias que nós vimos (não tinha nenhum mago no grupo, só um priest). Pareceu legal, e o roleplay bem importante. Pedir ajuda pro Deus requer mais que apenas rolar dados!
  • Roleplay das ações: há vantagens in-game para ações bem interpretadas. Isso é um estímulo muito legal para a utilização das cartas em situações condizentes. Na mesa que jogamos, ficaria muito estranho insultar um Javali para forçar uma abertura no combate, o que significa veto na utilização da carta. Da mesma forma, pensar em toda uma armadilha e preparo para um backstab deu vantagens significativas (com a adição de um dado pela interpretação legal).

Contras

As falhas desse jogo são em boa parte temporárias. O que quero dizer com isso é que alguns suplementos e erratas devem consertar boa parte delas.
  • Imagem157Pouco suporte para algumas raças: nós não vimos todas, mas é fato que os High-Elves, por exemplo, tem bem menos opções que os humanos. Inclusive, não há nenhuma “advanced class” para elfo, o que dá uma sensação de que falta coisa no jogo ainda.
  • Complexidade de ações: o lado ruim dessas muitas opções de ações diferentes é que tem MUITA coisa pra ler. A pilha de cartas de ação é de longe a maior, e pelo que pude ver, cada carta é uma regra nova. Isso não é uma desvantagem por si só, apenas vai demandar um certo cuidado/tempo do GM para ler tudo com calma e entender tudo direitinho. Como um jogador não precisa usar todas elas (elas são bem divididas em atributos, skills específicas e etc), creio que se o GM tomar cuidado e aprender direitinho, pode ajudar bastante.
  • Livro confuso: toda vez que tínhamos alguma dúvida era uns bons minutos procurando no livro. Achei ele bem mal distrubuído. Era um tal de regra picada em tudo quanto é lado e ficar indo e voltando no livro que não me pareceu inteligente. Nada que conhecer bem as regras não resolva, mas acho que uma duvidazinha aqui e outra ali sempre existirá. Então, isso é um mega ponto negativo.

Conclusão

Imagem160Dependendo do que exatamente o GM e os jogadores querem, o jogo pode ser muito melhor ou bem pior que a 4e do D&D. Se o que você procura é um jogo com muito combate e pouco roleplay, fique com a 4 edição mesmo. Ela é muito mais completa para combates. Agora, se o que vc quer é um balanço entre tudo, o Warhammer é bem melhor. O jogo utiliza muito mais do recurso “imaginação”, e o suporte que vem na caixa se aplica para tudo (ou seja, não é um material 90% voltado para combate). Isso incentiva bastante jogadores e DM’s a fazer personagens e criar histórias voltadas para qualquer tipo de situação (seja social, investigativa, combate, etc). É um incentivo também a se criar histórias mais completas.

As cartas também tem várias utilizações e, caso nenhuma faça sentido para a ação que vc quer, tem uma carta genérica que pode se encaixar para quase tudo (na nossa mesa só precisamos dela uma única vez, quando um de nós foi rolar um teste de intimidação contra uns goblins). Além disso, a “verossimilhança” (se é que se pode usar esse termo para um jogo de fantasia medieval) é bem maior, com fatores como desgaste e dano tendo muito mais peso.

Mas a falta de suporte para personagens mais avançados faz o D&D ser uma opção melhor para mesas de nível mais alto. Tem 4-5 cartinhas para classes avançadas e só. E nada para algo realmente épico.

Valeu pela avaliação Pedro, e espero que vocês tenham curtido o reporte. E rolem 20! Ou várias machadinhas!

Por Daniel Anand

Daniel Anand, engenheiro, pai de gêmeas e velho da Internet. Seu primeiro de RPG foi o GURPS Módulo Básico, 3a edição, 1994. De lá para cá, jogou e mestrou um pouco de tudo, incluindo AD&D, Star Wars d6, Call of Chuthulu, Vampire, GURPS, Werewolf, DC Comics (MEGS), D&D 3-4-5e, d20 Modern, Star Wars d20, Marvel Superheroes, Dragonlance SAGA, Startrek, Alternity, Dread, Ars Magica, 13th Age e atualmente mestro Pathfinder 2E. @dsaraujo no twitter

11 respostas em “Reporte de sessão: Warhammer”

Hummm. Isso só está me tentando MAIS AINDA a comprar essa caixa… Mas tenho que ser muito seletivo com novas aquisições no momento, visto que outros lançamentos neste ano de 2010 estão em minha lista de prioridades, haja visto: Player's Handbook 3, Underdark, Dark Sun Campaign Guide, Dark Sun Creature Catalog e Monster Manual 3!

ae Daniel,

Acabei mestrando a aventura introdutoria q vem no livro ontem, e tive as mesmas impressões que vc descreveu na sua avaliação. Semana q vem mestrarei novamente, vamos ver se alguma das avaliações mudam, quanto a confusão das informações no livro, no site da FFG eles lançaram um master index, ajuda um pouco, mas não tanto.

Sensacional !!

Muito bacana o reporte e deu para perceber que o jogo não é o bicho-papão destruidor de roleplayers que o pessoal pensava. Me deu mais vontade de vender um rim para te-la aqui do meu lado..

Depois de jogar eu fiquei com mega vontade de comprar a caixa também. Eu, particularmente, tive uma primeira impressão do warhammer mais positiva que da 4e do D&D. Mas, primeiras impressões são um tanto fugazes, então vou esperar um pouco (e roubar a caixa do Anand para testarmos aqui quando ele não vem) e decido mais para frente.

=D

Muito legal o post, comprei a pouco tempo o warhammer e como ainda nao chegou estou numa baita curiosidade por saber como é.

Anand all ytour base are belong to me. Arruma um colchonete que to mudando pra sua casa!

Chego ae ainda hoje a tempo de jogarmos aquela "sessão da virada".

¬¬

Assino embaixo da avaliação feita aqui. Mestrei uma vez e achei o jogo excelente!! No final da aventura, um personagem soldado saiu com o nariz quebrado (penalidades nas ações sociais) e o mago com um trauma por causa de um encontro. Ainda terão que conviver um pouquinho com esses danos críticos até conseguirem se recuperar!!

Curti seu report pacas! A primeira impressão que tive ao ler os anuncios de lançamento era a de que o jogo seria super complexo edificil de jogar.

Vontade de compar eu tenho, mas a falta de gente interessada em jogar coisas novas nas minhas bandas é algo que me detem. Além disso, já tenho minis e livros de D&D como prioridade. Ano que vem, quero completar minha coleção de livros 3.5 e minis de Eberron, comprar Dark Sun 4th edition e muito mais…

Bem, eu sou um fan delonga data de warhammer (desde março, yay) e eu acho que tenho uma explicação para a falta de opções epicas: warhammer é um jogo mais pé no chão, onde apenas ter um personagem que sobreviveu a campanha já é bem épico.

ou eu posso estar errado e me arrepender dessa mensagem.

Depois de conferir esse reporte e a video análise do Anand fiquei decidido a experimentar o jogo. A principio pensei que seria complicado, mas mudei de ideia com a descrição do sistema de combate e o uso das cartas de ação. Espero que depois de compra-lo (aproveitando o desconto da Amazon) consiga encontrar tempo para joga-lo entre minhas escassas sessões de D&D.
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